Investimento

Usinas de investimento: uma nova alternativa de renda com energia

Um guia para quem quer diversificar investimentos e lucrar com a geração de energia limpa

Introdução

O consumo de energia elétrica no Brasil tem crescido de forma constante, impulsionado pelo uso cada vez mais intensivo de sistemas de climatização — como ar-condicionado e aquecedores — e por novas frentes de demanda, como a mobilidade elétrica, o hidrogênio verde, a eletrificação de processos industriais e até os modelos de inteligência artificial, que exigem grande capacidade energética para alimentar servidores e data centers.

De acordo com um estudo recente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a demanda elétrica no país deve crescer, em média, 3,4% ao ano até 2034, exigindo a expansão contínua da capacidade de geração. Paralelamente, o custo da energia no Brasil segue uma trajetória de alta que, historicamente, supera a inflação. Em diversos períodos, a energia elétrica tem sido o item com maior peso no índice IPCA, pressionando o custo de vida de famílias e empresas.

Diante desse cenário, a valorização dos ativos de geração de energia se torna uma tendência clara — e os investimentos em usinas renováveis ganham força como uma forma de proteger e rentabilizar o patrimônio. Mais do que diversificação, trata-se de uma porta de entrada para um mercado tradicionalmente dominado por grandes players. Neste artigo, você vai conhecer o modelo das usinas de investimento — uma alternativa acessível para quem quer investir com impacto positivo e retorno consistente.

O que são usinas de investimento?

As usinas de investimento são empreendimentos de geração de energia — geralmente solar, pela facilidade de instalação e menor custo de implantação — projetados com um propósito diferente dos sistemas residenciais: em vez de gerar energia para consumo próprio, elas são construídas com o objetivo de gerar receita pela locação da energia para terceiros

Ou seja, usinas de investimento funcionam como ativos de renda recorrente, onde o investidor se torna proprietário de uma usina e recebe pagamentos mensais de consumidores que utilizam a energia gerada. É um modelo de negócio cada vez mais acessível, principalmente com a maior popularização da geração compartilhada, que permite a geração conjunta e compensação da energia na conta de luz de clientes em baixa tensão, como comércios, supermercados e pequenas indústrias.

Como as usinas geram renda?

As usinas de investimento podem gerar renda de duas formas principais: por meio da locação da estrutura ou pela venda direta da energia gerada. Abaixo, explicamos os quatro modelos mais comuns que se encaixam nessas categorias.

Locação do equipamento

Geração distribuída compartilhada

Neste modelo, a usina é alugada para grupos organizados em cooperativas ou associações que utilizam o sistema de créditos de energia regulamentado pela Aneel. A energia gerada pela usina é injetada na rede e convertida em créditos que são distribuídos entre os associados — geralmente consumidores de baixa tensão, como comércios, supermercados e residências. Os beneficiários recebem descontos mensais em suas contas de luz e, em contrapartida, pagam uma mensalidade pelo uso da estrutura. O proprietário da usina recebe essa receita mensal de forma recorrente, como se estivesse alugando o ativo.

Autoconsumo remoto

Aqui, o próprio investidor — ou um grupo de empresas e pessoas jurídicas ligadas a ele — utiliza a energia gerada pela usina para abater seus próprios custos de energia em unidades consumidoras localizadas em outros endereços. A energia é compensada remotamente nas faturas dos participantes, gerando economia direta. Embora não envolva a venda da energia, essa economia representa um retorno financeiro real.

Geração junto à carga (ou geração local)

Nesse formato, o sistema de geração é instalado diretamente no endereço do consumidor, compartilhando o mesmo ponto de carga. Isso reduz significativamente as taxas de uso da rede (Fio B), tornando o modelo mais eficiente do ponto de vista econômico — especialmente para consumidores com grande demanda em um único local. No entanto, há uma desvantagem importante: caso o cliente se torne inadimplente ou decida encerrar o contrato, a remoção ou realocação do sistema pode ser complexa e custosa, já que os equipamentos estão fisicamente instalados no local do consumidor. Por isso, essa modalidade exige uma análise criteriosa do perfil do cliente e contratos bem estruturados.

Venda da energia gerada

Mercado livre de energia

Para usinas com capacidade instalada geralmente acima de 500 kW, existe a opção de atuar no mercado livre de energia, vendendo a produção diretamente a consumidores de médio e grande porte, como indústrias, shoppings e grandes comércios. Nesse caso, a energia não é apenas compensada, mas efetivamente vendida por meio de contratos bilaterais de longo prazo (PPAs). O modelo oferece maior previsibilidade de receita, já que os preços e volumes são negociados com antecedência, mas também exige estrutura regulatória, habilitação técnica e maior sofisticação na gestão da usina.

Como começar a investir?

Embora o modelo de usinas de investimento esteja se tornando cada vez mais acessível, é importante destacar que o setor de energia envolve questões regulatórias, técnicas e contratuais complexas. Por isso, o ideal é que o investidor comece com o suporte de uma empresa especializada ou de profissionais que já atuam no segmento. Isso garante mais segurança na estruturação do projeto, na regularização da usina e na conexão com consumidores.

Existem hoje duas formas principais de começar a investir em usinas.

1. Construir sua própria usina

É a opção mais direta e oferece maior controle sobre o ativo. Aqui o investidor faz uso de um terreno para implantar a usina e pode escolher entre duas abordagens:

  • Operar e gerenciar por conta própria, o que exige envolvimento mais ativo e conhecimento técnico;
  • Terceirizar a gestão para uma empresa especializada, que cuida da operação, manutenção, relacionamento com os consumidores e faturamento, funcionando como uma “imobiliária energética”. Nesse modelo, o investidor se concentra apenas na rentabilidade, com retorno passivo.

2. Comprar cotas de projetos em andamento

Essa modalidade permite participar como sócio de uma usina maior, com aportes proporcionais à sua cota de participação. Já é possível investir a partir de R$5 mil, o que democratiza o acesso ao setor. O investidor recebe uma fração proporcional da receita da usina, sem precisar se preocupar com a gestão ou construção do ativo. Embora seja uma opção menos rentável, é uma boa para quem quer entrar com menor capital e diversificar o risco.

Quanto custa construir uma usina solar de investimento?

Antes de avaliar quanto custa investir em uma usina de energia renovável, é importante entender a diferença entre microgeração e minigeração distribuída, pois isso influencia diretamente tanto os custos de construção quanto os de operação.

  • Microgeração: usinas com potência de até 75 kWp, com regulamentação simplificada e isenção de diversas tarifas. É o modelo mais acessível e indicado para investidores iniciantes pois compreende usinas menores que possuem os mesmo requisitos de sistemas solares residenciais, comércios e indústrias menores.

  • Minigeração: usinas entre 75,01 kWp e 5 MWp, com exigências técnicas e regulatórias mais complexas, além de maiores encargos tarifários. Embora tenha maior potencial de escala, exige um investimento inicial e estrutura de gestão mais robustos. Aqui são usinas maiores, geralmente vistas em fazendas solares e indústrias de médio e grande porte.

Com isso em mente, os custos podem ser divididos em duas categorias:

1. Custos de construção (CAPEX)

O investimento inicial inclui todos os itens necessários para tirar o projeto do papel até a entrada em operação da usina. Entre os principais componentes estão:

  • Módulos fotovoltaicos e inversores
  • Estrutura de fixação e cabeamento elétrico
  • Quadros de proteção, aterramento e sistema de monitoramento
  • Obras civis (terraplenagem, fundações, cercamento, etc.)
  • Projetos técnicos e homologações junto à distribuidora
  • Conexão elétrica à rede pública (em alguns casos, com reforço de rede)

Para uma usina de microgeração de até 75 kWp, é possível construir com um investimento a partir de R$300 mil, dependendo da região e das condições do terreno. Já nas usinas de minigeração, o custo por kWp tende a ser menor com o ganho de escala, mas o investimento total costuma ultrapassar R$1 milhão, podendo chegar a vários milhões em projetos acima de 1 MWp.

2. Custos de operação (OPEX)

Após a construção, a usina passa a ter custos recorrentes de operação e manutenção, que impactam diretamente a rentabilidade do projeto. Os principais custos operacionais incluem:

  • O&M (Operação e Manutenção): limpeza dos módulos, manutenção corretiva e preventiva, verificação de inversores e cabeamento.
  • Monitoramento remoto e segurança: sistemas de monitoramento online, instalação de câmeras e alarmes.
  • Seguro da usina: cobertura contra danos elétricos, eventos climáticos e roubos.
  • Gestão comercial e administrativa: emissão de faturas, atendimento a clientes, distribuição de créditos de energia, entre outros.
  • Taxa de disponibilidade: tarifa mínima paga à distribuidora, mesmo quando não há consumo de energia da rede.

Nas usinas de microgeração, os custos operacionais são menores e mais simples de gerenciar, especialmente quando há poucos consumidores conectados. Já na minigeração, além dos custos acima, há despesas adicionais com demanda contratada, encargos setoriais e tarifas de uso da rede (TUSD G e TUSD Fio B), o que exige um planejamento financeiro mais robusto.

De forma geral, os custos operacionais variam entre 5% e 12% da receita anual da usina, mas esse percentual pode ser otimizado com boa gestão e uso de tecnologias de monitoramento.

Qual o retorno financeiro de uma usina de energia renovável?

Como vimos na seção anterior, os custos de construção (CAPEX) e de operação (OPEX) são fatores determinantes para a rentabilidade de uma usina de investimento. Quanto menor o custo de implantação e mais eficiente a gestão operacional, maior tende a ser o retorno sobre o capital investido. 

Além disso, a região onde a usina está localizada exerce forte influência nos resultados, principalmente por dois motivos: tarifas de energia mais altas aumentam a receita obtida com a compensação, e maior incidência solar garante uma geração mais robusta ao longo do ano

Em alguns cenários, especialmente em modelos otimizados de locação, a rentabilidade pode ultrapassar 30% ao ano.

De forma geral, uma usina bem planejada, com estrutura otimizada e boa ocupação (ou seja, com consumidores conectados desde o início da operação), pode gerar uma rentabilidade líquida entre 16% e 26% ao ano. Projetos de microgeração tendem a ter custos operacionais mais baixos e menor exposição a tarifas e encargos, o que favorece a margem para investidores iniciantes. Já na minigeração, embora os custos sejam maiores, o potencial de escala e receita também aumenta, desde que a gestão seja profissionalizada.

O prazo médio de payback (recuperação do investimento inicial) costuma variar entre 5 e 7 anos, e após esse período, a usina continua gerando fluxo de caixa positivo por muitos anos, com equipamentos que têm vida útil projetada superior a 25 anos.

Quais são os riscos envolvidos nesse tipo de investimento?

Como qualquer outro investimento, as usinas de geração distribuída também estão sujeitas a riscos. Embora o modelo ofereça previsibilidade e bons retornos, é fundamental que o investidor compreenda os principais fatores de risco antes de alocar capital. Entre os mais relevantes, destacam-se:

  • Vacância e inadimplência: assim como no mercado imobiliário, uma usina pode enfrentar períodos de vacância (quando não há consumidores contratados) ou inadimplência por parte dos clientes. Isso impacta diretamente o fluxo de receita e pode comprometer o retorno esperado. A boa gestão comercial e a diversificação da carteira de clientes são essenciais para mitigar esse risco.

  • Risco regulatório: o setor elétrico é altamente regulado e sujeito a mudanças nas regras de compensação, tarifas e encargos. A promulgação da Lei 14.300/2022 trouxe mais segurança jurídica para os projetos de geração distribuída, mas ainda há incertezas futuras — por exemplo, a definição do percentual de cobrança do Fio B (tarifa de uso da rede) a partir de 2029 ainda não está totalmente estabelecida, o que pode afetar a rentabilidade de longo prazo.

  • Riscos operacionais: problemas técnicos, falhas nos equipamentos, furtos ou danos climáticos podem afetar o desempenho da usina. Esses riscos podem ser atenuados com manutenção preventiva, monitoramento contínuo e contratação de seguros específicos para a planta.

  • Risco de execução e planejamento: projetos mal dimensionados, instalados em regiões com baixa irradiação solar, alto custo de conexão ou sem uma carteira de clientes previamente estruturada tendem a apresentar performance abaixo do esperado. Por isso, o suporte de uma empresa especializada na estruturação do projeto é fundamental.

Conclusão

As usinas de investimento representam uma nova possibilidade para quem deseja diversificar seu portfólio com ativos reais, sustentáveis e de geração recorrente de renda. Com custos cada vez mais acessíveis, modelos regulatórios mais estáveis e alta demanda por energia limpa, esse tipo de projeto possibilita uma participação mais ativa no mercado de energia elétrica, o qual antes era exclusividade de grandes empresas..

Apesar dos riscos — como vacância, inadimplência ou mudanças regulatórias —, o modelo oferece rentabilidade atrativa, previsibilidade de receita e impacto positivo na transição energética. Tudo isso com a possibilidade de estruturação flexível: seja por meio da construção de uma usina própria, compra de cotas ou plataformas especializadas.

Se você está buscando uma alternativa de investimento que una retorno financeiro, propósito e participação em um dos setores que mais crescem no Brasil, as usinas de geração distribuída são uma oportunidade concreta para transformar energia em patrimônio.

Quer entender se esse modelo é ideal para o seu perfil? Fale com a gente e descubra como iniciar sua jornada no setor de energia renovável com segurança e rentabilidade.

Publicado em 09 de abril de 2025

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